dezembro 15, 2008

COMO SE ESPEVITA...


...ESSA BRUXA BENEDITA, de Lenice Gomes, Editora DCL. Bruxarada enfeitiçada pela Benedita, que converte a noite em dia.

"SAPO-BOI
SAPO-TANOEIRO
SAPOS-PIPAS
SAPO-CURURU
DA BEIRA DO RIO..."


dezembro 09, 2008

Ilustrei lenga-lengas e trava-línguas da personagem criada pela Lenice Gomes, para o poema editado pela DCL. É uma aprendiz de feiticeira que, com cabelos de fogo, confronta as trevas, domínio da bruxa Rainha. Usei um conta-gotas de nanquim para os traços, que foram aplicados sobre diversas superfícies de madeira e de alvenaria, bastante manchadas. O plano era justamente acompanhar o poema, de forma mágica e fluída, como quem assobia uma música. O corvo acima e os sapos abaixo foram, por exemplo, desenhados assim.

novembro 10, 2008

UMA PORÇÃO DE ARTE

Abertura de uma matéria (revista BIONESTLÉ), que trata da relação entre arte e comida, é uma composição de fragmentos de obras de Caravaggio, Acimboldo, Brueghel, Léger, Lichtenstein, Warhol, Picasso, Gaba e Dorothée Selz. Montei uma natureza-morta no primeiro plano, que mistura o cubismo do início do século XX, a pop art e o chiaroscuro das frutas de Caravaggio. No segundo plano está Vertumno, de Acimboldo, com uma língua de Antoni Miralda. No plano seguinte, uma personagem de Caravaggio, detalhes de Jean-Baptiste-Siméon Chardin e, acima ao fundo, o banquete nupcial de Pieter Brueghel.

outubro 31, 2008

O BRASIL DE TODOS NÓS - I

A imagem acima ilustra o texto BICHO-LOBO, de André Neves. Faz parte de uma compilação de narrativas populares brasileiras, recontadas por diferentes escritores e ilustradores. Um projeto editorial da Cargill, a ser lançado pela DCL, sob coordenação do Estúdio Sabiá. Dolores, a filha do coronel, observa a noite pela janela. Ela é a menina dos olhos de Laurindo. Sétimo filho rejeitado pela família, pálido, franzino e doente.

MEU TATARAVÔ ERA AFRICANO

Este mapa – que faz parte do livro de Georgina Martins e Teresa Silva Telles, lançado pela Editora DCL – mostra as principais rotas dos tumbeiros abarrotados de escravos que vinham da África para o Brasil. O livro trata do passado doloroso vivido pelos escravos negros no período da Colonização no Brasil. O projeto gráfico mistura material iconográfico com pirogravuras colorizadas com anilinas, café, óleo de nogueira, ferrugem e outros materiais.

setembro 17, 2008

CONTOS E LENDAS DA MITOLOGIA CELTA


Tenho ilustrado narrativas míticas brasileiras, pelas quais tenho um enorme prazer, identificação e apreço. Aqui mergulhei no caldeirão da mitologia celta, menos conhecida do que a grega ou a romana. Fiz várias composições com fragmentos iconográficos celtas para ilustrar o miolo. Não sobraram muitos. O cristianismo esforçou-se para eliminar seus vestígios. Algumas lendas tidas como pagãs sobreviveram graças às transcrições dos monges da Irlanda e do País de Gales no séc. VIII, aos historiadores da Antiguidade e às descobertas arqueológicas. De uma maneira ou de outra, deuses e heróis celtas reverberam no substrato cultural do Velho Mundo, para o qual me voltei ao fazer esse trabalho diferente para a Martins Fontes.

agosto 28, 2008

QUINTO


Em seu novo disco, QUINTO – o número 5 de sua discografia – lançado pelo selo baiano Páginas ao Mar e distribuição da Tratore, o músico paulista Marcelo Quintanilha – mais conhecido como QUINTA – traz rock’n’roll, contestação e atitude sem fugir de suas raízes populares brasileiras. Arranjos ásperos e letras inteligentes. Um repertório autoral, com exceção de O Tempo Não Pára (Cazuza e Arnaldo Brandão) e de Porta-Estandarte (Geraldo Vandré e Fernando Luna). Suas composições tratam de temas como a sociedade moderna, o meio ambiente, o ser humano e o tempo. Assinamos, Eduardo Okuno e eu, o projeto gráfico. Fiz pirogravuras para ilustrar a atmosfera mais tensa desse seu novo trabalho. Para falar de amor, em contrapartida, Quinta escolheu a canção Quando Você Chegar, escrita para a mulher, Vania Abreu.

agosto 13, 2008

ESTAMPA LATINAMERICANA


Cartaz selecionado para a mostra e catálogo do III Encontro Latino-Americano de Design, pelo concurso de cartazes AMÉRICA SE EXPRESSA DESENHANDO. Uma iniciativa sediada pela Universidade de Palermo, em Buenos Aires e coordenada pelo Fórum de Escolas de Design, que reúne mais de uma centena de representantes acadêmicos de instituições educativas de design na América Latina, cujo objetivo central é contribuir para a união, desenvolvimento e fortalecimento acadêmico-profissional das instituições associadas. E também refletir, informar, comunicar e produzir propostas e projetos que expandam as bases e perspectivas do design enquanto profissão e disciplina em nosso continente.

agosto 07, 2008

PEQUENO CATÁLOGO DE AUTORES INDÍGENAS

Montei o cocar acima para a capa do primeiro catálogo literário de obras de autores indígenas editado no Brasil. Sinal dos novos tempos. De preocupações étnicas, busca de sentidos e de recuperação da alma ancestral brasileira. Fomos convidados pelo escritor Daniel Munduruku, querido parceiro e Diretor-Presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual para fazer o projeto gráfico das duas versões dessa publicação, em português e inglês. Esta é uma contribuição do Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas do Inbrapi para os educadores brasileiros e estrangeiros, que agora podem encontrar uma parcela expressiva da produção indígena nacional num único volume. Para saber mais, confira o site do Daniel Munduruku.

julho 22, 2008

NAVIOS NEGREIROS (Edições SM)

Num único volume a versão integral de um dos mais importantes poemas da literatura brasileira, o NAVIO NEGREIRO, de Castro Alves, e o poema homônimo de Heinrich Heine, escritor romântico alemão influenciado pelo iluminismo francês. Publicado pela primeira vez em 1854, tem caráter épico-narrativo enquanto que o de Castro Alves, surgido quinze anos depois, em 1869, é essencialmente lírico, revelando mais sobre o narrador que sobre o evento. No poema de Heine, em contrapartida, o mundo objetivo se impõe sobre o narrador.



A despeito da importância do tráfico de escravos como tema comum – e do trabalho interdisciplinar com a área de história – a reunião desses autores, inédita no país, enseja uma análise comparativa entre diferentes apropriações de um fato histórico cujas conseqüências ainda são visíveis no Brasil contemporâneo.









De um lado, temos os movimentos subjetivos de um narrador misturado à natureza – unidade desfeita pelo encontro do navio, que dá origem a interpelações angustiadas, de forte teor oratório. Já no poema de Heine, a natureza está mancomunada desde o início com a corrupção humana. De um lado, o apelo moral e humanitário do baiano condoreiro, do outro, o humor negro, a sátira dolorosa de um alemão nos alvores do realismo.

julho 07, 2008

CABEÇAS DE SEGUNDA-FEIRA


Segunda-feira foi o dia escolhido para postar este gouache, capa e verso de mais um romance de Ignácio de Loyola Brandão. Trata-se de uma releitura da clássica pintura a óleo sobre madeira – Jardim das Delícias Terrestres – pintado por Hieronymus Bosch entre 1503 e 1504. Demorei meses a fio para converter o intrincado painel num Paraíso pop contemporâneo. Percebi que essa ilustração se encaixaria bem com o conteúdo do livro e com a expectativa do Loyola para a capa. O mesmo hedonismo, luxúria, distorções morais e tentações já constavam da pintura original. Para os voyeurs de plantão sugiro clicar na imagem para conferir os detalhes.

julho 04, 2008

PEGA ELE, SILÊNCIO!


Capa ilustrada de mais uma obra do escritor Ignácio de Loyola Brandão. Silêncio é o nome do pugilista negro, pobre e econômico nas palavras, protagonista deste livro que trata da luta pela sobrevivência. Seu retrato parece grafitado sobre um muro de concreto. E a tipografia alterada no título sugere um golpe invisível, aplicado no vazio. Breve (re)lançamento pela Global Editora.

junho 24, 2008

SIB na Talento


Usei uma máquina pictográfica, com manchas de cor no lugar das teclas, para o anúncio de página dupla institucional da SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil – programado para a próxima edição do anuário de comunicação TALENTO. É minha percepção acerca da ilustração, enquanto expressão narrativa e simbólica, capaz de dispensar até mesmo o uso do texto. Se as imagems devem combinar para os olhos assim como as palavras aos ouvidos, é possível ir além quando conseguimos aliar conceito e técnica. Ilustrar, por definição, é jogar uma luz sobre um tema. Ou seja, elucidar, iluminar ou esclarecer. O que não implica, porém, em explicitar. Podemos usar uma luz indireta, difusa, oblíqua, negra, dura ou meia-luz para sugerir mais do que mostrar. Ilustrado é quem tem conhecimento ou sabedoria. Ilustração não é enfeite!

junho 04, 2008

Meu tataravô era africano (DCL)



Conheci a escritora Georgina Martins – que divide a autoria deste belo livro com Teresa Silva Telles – no 10º Salão FNLIJ de Livros para Crianças e Jovens, no MAM Rio. Estava prestes a embarcar para São Paulo, mas tive o prazer de encontrá-la antes de partir. O livro foi lançado pela DCL no domingo (01/06). Aqui ao lado um desenho de uma escrava que, mesmo com gargalheira, máscara de flandres e correntes, amamenta sua criança.

maio 08, 2008

Uma onça para ilustrar o Brasil


No segundo semestre deste ano, mais uma vez com o apoio do Senac SP e organização da SIB (Sociedade dos Ilustradores do Brasil), acontecerá a quinta edição do ILUSTRA BRASIL!, que oferece a todos interessados um espaço para a discussão sobre o desenho publicado no Brasil. O evento – que já recebeu o troféu HQ MIX de artes gráficas – traz oficinas, palestras, debates e uma exposição de ilustrações. Todo ano é realizado também um concurso entre os ilustradores associados para a escolha da indentidade visual oficial do evento. Submeti a imagem acima à seleção, que ficou em segundo lugar. A colorização foi feita com algumas madeiras brasileiras: pau-amarelo na pelagem, pau-roxo no traço e sucupira no fundo (apenas aqui houve manipulação digital da tonalidade original da madeira). É um trabalho de marchetaria digital, que pretendo explorar mais vezes.

maio 01, 2008

Meu tataravô era africano (DCL)



Numa aula de História, um garotinho de ascendência africana se depara com um passado doloroso vivido pelos escravos no período da Colonização. Escrito por Georgina Martins e Teresa Silva Telles será lançado no 10º Salão FNLIJ de Livros para Crianças e Jovens às 11h00 do domingo (01/06), no MAM carioca. Fizemos o projeto gráfico de capa e miolo, misturando ilustrações inéditas com material iconográfico histórico. As pirogravuras foram colorizadas com anilinas, café, óleo de nogueira e ferrugem, entre outros materiais mais brutos e alternativos, que também carregam uma intenção metafórica. O próprio texto das autoras já combina ficção e documento para refletir sobre a escravidão no Brasil, bem como seus ecos contemporâneos. Na capa à direita há um retrato de Zumbi dos Palmares. Logo abaixo, uma versão visual da música de Gilberto Gil que sintetiza o espírito geral do livro.

abril 09, 2008

Veia Bailarina e Não Verás País Nenhum



Temos trabalhado na elaboração de novos projetos gráficos de capa de livros do escritor Ignácio de Loyola Brandão. Em todas haverá uma espécie de selo com a assinatura do autor, que poderá ser aplicado em posições diferentes, conforme a necessidade de cada composição. As ilustrações feitas para estas duas primeiras capas é bem minimalista. A intenção é apenas permitir um vislumbre do tema ou da atmosfera de cada obra. Na capa acima a ilustração foi feita a partir de um registro natural sobre madeira envelhecida. Na debaixo, trabalhei a imagem de vasos sanguíneos misturando tinta acrílica e arremate digital. Breves (re)lançamentos do autor pela Global Editora.

abril 01, 2008

Catimbó Cana Caiana Xenhenhém


Mais uma pirogravura para capa da Coleção Poetas do Brasil, editada pela Martins Fontes. O editor sugeriu muita cor, com elementos retirados do imaginário poético do autor. Lirismo, humor, espirituosidade, dramas humanos, dores de amor, ritmo e musicalidade são algumas das marcas da sua obra, que firma uma ponte rica de interpretações entre as tendências modernistas e regionalistas.

II Prêmio ABECIP: Mão à Obra!


Realizamos para a ABECIP (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) a Identidade Visual do II Prêmio de Monografia em Crédito Imobiliário e Poupança, com o tema “Soluções e Alternativas para o Financiamento de Imóveis de Interesse Social”. Trata-se de um concurso, aberto a graduandos ou profissionais de várias formações profissionais – economia, engenharia, administração, arquitetura, direito e outras afins – que premiará as melhores soluções e alternativas para reduzir o enorme déficit habitacional brasileiro. A ilustração das mãos me ocorreu por representar o cidadão e a necessidade básica de morar. Uma das mãos é o alicerce da casa. E a outra, o telhado. Mais do que uma casa, sonha-se com um lar. A imagem lembra também a própria marca da associação.

fevereiro 08, 2008

Histórias e Sonhos (Martins Fontes)


Humilhado pelos meninos ricos, o pretinho Zeca sonha com uma horrível máscara de diabo. Um presente do Coronel Castro – que retratei com o rosto de Charles Darwin – ao filho querido da humilde D. Felismina de Inhaúma. O protagonista da história "O Moleque" ilustra a capa do mais sinóptico dos livros de Lima Barreto, que promove um encontro inesperado entre literatura e o saber popular, a sociologia e o folclore das religiões, as mazelas políticas e o esnobismo acadêmico e científico, bem como as frustrações pessoais e o cotidiano das ruas, em meados dos anos 1920.

janeiro 10, 2008

Outras tantas histórias indígenas...


...DE ORIGEM DAS COISAS E DO UNIVERSO. O escritor Daniel Munduruku reúne e reconta, nesta nova antologia a ser lançada pela Global Editora, algumas surpreendentes narrativas sobre os mistérios e segredos da existência, conforme as concepções distintas de alguns povos indígenas brasileiros. Mostra o diálogo entre a natureza e a cultura. E retrata a diversidade de respostas – pelo caminho mágico, sagrado, divino ou sobrenatural – que buscamos àquelas questões essenciais que, na verdade, são universais.

A origem do fogo, segundo os Bororo


O jaguar farejando o ar ilustra a narrativa sobre a origem do fogo, segundo a tradição dos Bororo, ou Boé, de Mato Grosso. Traz o arquetípico confronto entre a força e a inteligência. Entre o jaguar e o macaco, que cobiçam um dourado grelhado. Os padrões estilizados que fiz na pele da onça foram baseados no interior decorado de um estandarte Bororo de couro de onça, ao redor do qual os homens dançam, lamentam e tocam flauta nesse rito fúnebre tradicional.

A origem dos Kaiapó


No princípio dos tempos os Kaiapó viviam no céu, com fartura e tranquilidade. Até que um guerreiro encontrou um passagem para o mundo inferior através de uma cova de tatu. Foi o primeiro a atravessar a abóbada celeste e pisar na terra, atraído pela visão de uma floresta de buritis, um rio e campos grandiosos. A organização hieráquica da aldeia está esquematizada no diagrama sobre a cabeça deste Kaiapó, no qual cada cada pena indica um indivíduo e sua posição social.

Gestão Socioambiental Municipal


Esta menina dos olhos foi feita para ilustrar a capa de uma publicação técnica da ANAMMA – Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente. A combinação – gravação à fogo e tingimento natural – sempre casa bem com iniciativas de preservação ambiental. Fiz alguns acertos digitais na cor, composição e luz no final do processo.

janeiro 02, 2008

Projeto Acervo DCL


Traço à grafite sobre fundo em acrílico, em montagem digital. Imagem de capa para uma obra que trata do acervo da editora DCL.