outubro 26, 2012

PEDZERÉ, LINHAS E CORES


Essa história foi inspirada pela visão de um sanhaço-de-coqueiro que a autora – a escritora carioca Naná Martins - vislumbrou pela janela do seu quarto, um pouco antes de dormir. No dia seguinte, embalada pela brisa e pelo canto dos pássaros, Naná observou uma bela índia que ajeitava os longos cabelos negros. Nasceu assim o mote para uma narrativa fictícia, lançada pela Editora FTD, com toques étnicos nativos e cenário natural. Pedzeré, a protagonista, colhe folhas todas as manhãs, próximo a sua aldeia. Folhas para comer, para banho, para remédio, para comida. Um dia é surpreendida por um jovem indígena com uma linda pintura corporal de origem misteriosa. Os dois se apaixonam. E nada mais será como antes.


Na confecção das ilustrações usei tanto recursos analógicos quanto digitais, combinando monotipias, tintas naturais, papeis reciclados, carimbos e raspagem. As formas estilizadas foram livremente baseadas nas famosas bonecas Karajá, que são pelas mulheres chamadas na língua nativa de ritxòcò e pelos homens de ritxòò. Tais figuras de argila e cinza são a expressão de uma identidade. Têm profundos significados sociais, reproduzindo a ordem sociocultural e familliar dos Karajá, comunicando ludicamente os valores passados de uma geração à outra. Como a etnia de Pedzeré é indefinida, criei padrões gráficos e adornos aleatórios. Apenas a caracterização da cobra é mais realista. Trata-se da jiboia-arco-íris, ou salamanta, uma espécie que pode atingir quase dois metros de comprimento. É típica do cerrado e encanta pelo brilho colorido, graças a sua incrível iridesciência, provocado pela reflexão da luz sobre sua pele.