abril 21, 2010

DA BOCA AO PAPEL


Os contos folclóricos, coletados em 2005 e reunidos nesta coletânea, mais do que o esforço de preservação das nossas tradições populares, são peças de raro brilho literário. Alguns encontram ressonância na Índia dos Vedas; outros, no Egito dos faraós. Há, ainda, os que trazem retalhos da mitologia greco-romana ou de narrativas da Bíblia. Portanto, é impossível pôr em dúvida sua “ancianidade veneranda”, como costumava dizer mestre Câmara Cascudo. Diversão para crianças, entretenimento para os adultos após o trabalho, o conto folclórico conserva, também, informações de hábitos, costumes, ritos e mitos aparentemente desaparecidos ou esquecidos.


Com um gravador em mãos, o escritor, editor e cordelista Marco Haurélio foi a campo para registrar parte do patrimônio imaterial brasileiro. Pois o saboroso resultado de sua pesquisa está registrado na caprichada edição da Paulus, que tive o prazer de ilustrar e cuidar do projeto gráfico. Motivado pelo desafio, desenvolvi também uma fonte especialmente para a edição.


Um variedade de contos de animais, de encantamento, religiosos, acumulativos, novelescos, humorísticos e de exemplo integram a coleânea. As notas e a classificação ficaram a cargo do Dr. Paulo Correia, do conceituado Centro de Estudos Ataíde Oliveira, da Universidade do Algarve, Portugal. Na ilustração de página dupla acima misturam-se personagens e passagens de contos maravilhosos. Na dupla abaixo, o mesmo expediente foi adotado para ilustrar os contos de exemplo.


Diz o autor: "A partir de uma recolha feita no sertão da Bahia, numa área que abrange desde o Médio São Francisco (Serra do Ramalho) até a Serra Geral (Brumado), foi organizada uma antologia de contos populares. O trabalho tornou possível a preservação das histórias de minha infância, contadas por D. Luzia (minha avó), como Belisfronte (já vertida para o cordel), Guime e Guimar, Maria Borralheira e A Mentirosa. Os contos de D. Luzia foram relembrados por Valdi Fernandes Farias (meu pai) e Isaulite Fernandes Farias (Tia Lili). Dentre os narradores estão D. Jesuína Pereira Magalhães, nascida em 1915, e D. Maria Rosa Fróes, de Brumado, que em 2005, época da recolha, contava 87 janeiros de sabedoria."

Dia 5 de maio, quarta-feira, a partir das 19h.
Local: Livraria Cortez
Rua Bartira, 317 - Perdizes
Tel.: (11) 3873-7111
São Paulo — SP