maio 04, 2011

RAIO DE SOL, RAIO DE LUA

Bologna Children's Book FNLIJ Selection, 2012

Sol e Lua já foram crianças há muito tempo atrás, segundo dizem no Senegal. Ambos costumavam acompanhar seus pais no trabalho nos campos cultivados. A família do Sol ia para o Leste e cultivava o milhete. A família da Lua, ia para o Oeste e cultivava o sorgo. Ao entardecer, acabavam se encontrando no meio do caminho. Assim Celso Cisto começa a recontar esta narrativa etiológica, que será lançada em 2011 pela Editora Prumo, que tive a chance de ilustrar recentemente.


A música africana sempre me encantou. Tenho alguns álbuns do cantor, compositor e percussionista Youssou N'Dour. Que também é embaixador da boa vontade para as Nações Unidas, Unicef e da Organização Mundial do Trabalho. Esse artista admirável vive em Dakar e se mantém fiel às suas origens e identidade, a despeito da sua receptividade musical aos novos gêneros. Embalado pela singular voz de Youssou N'Dour e pelo ritmo da sua banda, a Super Étoile de Dakar, produzi as imagens deste livro.


Além da música, entre as formas de arte mais populares no Senegal estão as pinturas feitas sob o vidro e as pinturas de areia. As útimas foram minha fonte. Normalmente os artistas combinam vários tipos de areia, com diferentes cores e tonalidades, conforme as características dos solos, praias, dunas, leitos de rios, áreas vulcânicas etc. Impedido de adotar a mesma técnica e materiais, optei por misturar areia, pigmentos, recursos digitais e grafismos de etnias tradicionais. Existem, por sinal, diversos grupos étnicos no país. Embora o francês seja o idioma oficial, a língua mais falada é o Wolof (do povo de mesmo nome), que corresponde a quase metade da população. Além dos Fulani, Serer, Jola, Bedick, Mandingo e outras comunidades menores. Incluindo também europeus e libaneses.


Em 1982 o Senegal se uniu à Gâmbia para formar a confederação nominal de Senegâmbia. Mas a integração concebida pelos dois países nunca se observou na prática e a união foi dissolvida em 1989. O Senegal, entretanto, tem uma longa tradição histórica pela paz internacional. Na ilustração acima, na qual fiz menção às águas do Lago Rosa e ao mapa do continente africano, brinquei também com a silhueta de uma mulher. Agachada à esquerda, ela tem o contorno do Senegal. Seu cajado, por sua vez, representa a República da Gâmbia, geograficamente contida dentro do território senegalês.

8 comentários:

Rachel Gusmão disse...

Conheci seu trabalho através dos livros de Daniel Munduruku. As capas eram belíssimas e me fizeram procurar seu site pessoal. esta ilustração aqui é inspiradora! Lindissima.

Mauricio Negro disse...

Oi, Rachel. Sim, adoro ilustrar os livros do meu amigo Daniel. Tenho até um título, cujo texto divido com ele. Chama-se "A palavra do grande chefe", lançado pela Global. Agradeço a visita e comentários. Um abraço grande!

Carla Pilla disse...

Negro, estou encantada mais uma vez! Não é só o seu trabalho que é inspirador, mas também essa imersão que você faz em diversas culturas... Demais!

Marcos Bernardes disse...

Cara...
Gostei muito do seu estilo de trabalho. Cheio de personalidade e bom gosto.
Parabéns cara

Mauricio Negro disse...

Marcos, obrigado pela visita e comentários. Ainda mais depois de verificar a qualidade notável das criações da equipe. Acabei de xeretar o blog e também o bonito site da nuovo design! Tudo na maior elegância e classe. Muito bom! Qualquer coisa, estamos aí. Um forte abraço virtual!

Mauricio Negro disse...

Obrigado, Carla!!! Às vezes me afogo nessas imersões até... Você sabe o que eu digo, porque também é do ramo. A gente faz arte pela arte, e também para pagar os filés de gato e o leitinho das crianças. Recomendações à Pelica e Felpudo!

aurora disse...

uau, que lindo! ha poucos meses tive contato com o Modou Diouf em Londres, tambem de Senegal, aprendi umas cancoes em Wolof tocando sabar! foi demais! se eu soubesse ilustrar...parabens, muito bacana mesmo!abraco,Alba.

Mauricio Negro disse...

Cara Aurora, que bacana seu comentário! Seria bárbaro ouvir essas canções. Tens um podcast disso? Ótimos textos, por sinal, lá no seu, ou sua, luccedellamatttina. Espero mesmo que minhas imagens tenham um pouco do espírito de celebração maravilhoso que o sabar evoca. Abraço grande e grato pelo visita!